
do
tempo em que te habitava
como
o sal ocupa o mar
como
a luz recolhendo-se
nas
pupilas desatentas
Seja
eu de novo tua sombra, teu desejo
tua
noite sem remédio
tua
virtude, tua carência
eu
que
longe de ti sou fraco
eu
que
já fui água, seiva vegetal
sou
agora gota trémula, raiz exposta
Traz
de
novo, meu amor,
a
transparência da água
dá
ocupação à minha ternura vadia
mergulha
os teus dedos
no
feitiço do meu peito
e
espanta na gruta funda de mim
os
animais que atormentam o meu sono.
Mia
Couto
Moçambique
n. 1955
in
Raiz de Orvalho e Outros Poemas
Editor:
Editorial Caminho
photo
by Tutt' Art
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