
Não é por teus lindos olhos
Ana,
que ao jugo amoroso eu estou rendido;
nem pelos lábios, que são ninho erguido
do cego infante, donde néctar mana;
nem pelas faces da matiz de grana,
ou o cabelo, que ao ouro é preferido,
nem pelas mãos que tantos têm vencido,
nem pela voz que hesito se é humana.
Tua alma, que nas obras bem
transluz,
é que me prende, mas sem tirania,
pra que seja imortal seu cativeiro.
Assim tudo o que é dito se
reduz
ao seu poder, pois cada um possuía
por ela seu ofício verdadeiro.
Lupércio Leonardo de
Argensola
Espanha
(Barbastro-Huesca) 1559-1613
in”
Antologia da Poesia Espanhola
Siglo
de Oro - 2ºvolume Barroco”
Selecção:
José Bento
Editor:
Assirio & Alvim
Sem comentários:
Enviar um comentário