
Tisbe ao
amante, que em cadáver mira,
com temerosa mão o rosto toca,
limpa-o com o forro de sua touca,
sobre seus lábios desertos suspira.
Enganada, supõe que ele respira,
e é o hálito de sua própria boca;
pensa em seu fim, o seu mestre invoca,
as mãos retorce, seus cabelos tira.
Ninguém a ajuda em tanta
desventura
senão a morte, oh caso lastimoso!
O peito lança à inimiga espada:
pegou na mão de seu esposo,
dura,
e olhou-se no leito pavoroso
donzela, viúva, morta e desposada.
Francisco de Rioja
Espanha (Sevilha)n1583-1659
in” Antologia da Poesia Espanhola
Siglo de Oro – 2ºvol. Barroco ”
Tradução: José Bento
Editor: Assirio & Alvim
photo by Google
Sem comentários:
Enviar um comentário