
A
doce boca que a provar convida
um
humor entre pérolas brotado,
sem
invejar esse licor sagrado
que
a Júpiter ministra o moço de Ida,
amantes,
não toqueis, se quereis vida;
pois,
entre um lábio e outro purpurado,
qual
entre flor e flor serpe escondida.
Não
vos mintam as rosas que à Aurora
direis
que, aljofaradas e olorosas,
tombaram
do purpúreo seio pleno;
são
as maças de Tântalo, não rosas
que
irão fugir do que incitam agora,
e
somente do Amor fica o veneno.
Luis
de Gongora
Espanha
1561-1627
in “Antologia da Poesia Espanhola
das
Origens ao Século XX”
Selecção:
José Bento
Editor:
Assirio & Alvim
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