
Não
sabe o que é amor quem não ama,
celeste
formosura, esposo belo;
tua
cabeça é de ouro e teu cabelo
como
o frágil botão que a palma enrama;
tua
boca lírio que licor derrama
na
alva; ebúrneo o colo, que é só vê-lo;
tua
mão o torno, em sua palma o selo
que
a alma pra disfarçar jacintos chama.
Ai, Deus! em que pensei quando deixando
tanta
beleza e só as mortais vendo,
perdi
o que pod’ria estar gozando?
Se o tempo que perdi me está ferindo,
tanta
urgência terei, que uma hora amando
os
anos vença que passei fingindo.
RIMAS SACRAS
Lope
de Vega
Espanha
(Madrid) 1562-1635
in”
Antologia da Poesia Espanhola
Siglo
de Oro - 2ºvolume Barroco”
Selecção:
José Bento
Editor:
Assirio & Alvim
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