Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

2 de junho de 2013

Quando sobre o céu, terra e vento : Francesco Petrarca



Quando sobre céu, terra e vento, desce a paz,
E as aves e as feras o sono serena,
E a noite o carro de estrelas plo céu leva
E em seu leito o mar sem ondas jaz,

Velo, penso, ardo, choro, e quem sofrer me faz,
Sempre à frente vejo na minha doce pena.
Minha alma em guerra vive, de dor e ira plena,
E só pensando nela tenho alguma paz.

Só uma clara e viva nascente, assim,
Acalma a doce amargura, alimento meu.
Uma única mão me cura e apoquenta.

Pois este sofrimento não irá ter fim.
Mil vezes num dia, morro e renasço eu:
E a minha salvação tão longe se apresenta.


Francesco Petrarca
(Itália 1304-1374)
in Os dias do Amor
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