Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

4 de outubro de 2015

António Botto: Se tudo quanto disseste

Se tudo quanto disseste,
─ E foram quatro palavras!
Foi tudo quanto sentiste,
Então...,
Porque estranhas
Que eu fique triste?

Podias ter tido pena ─
Desta ilusão
Que era a maior e a mais bela
De quantas pude sentir!
Sim, podias ter mentido,
E era tão fácil mentir!

Tentei beijar-te? ─ perdoa;
Arranjavas um pretexto:
«Agora, não..., outro dia!...»
E eu ficava-me contente!,
─ Se eras tu,
A tua boca, os teus olhos,
─ Se eras tu quem me mentia!



António Botto
Portugal (Concavada, Abrantes) 1897
Brasil (Rio de Janeiro) 1959
in Canções e outros poemas
Editor: Edições  Quasi
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