Eu morro
estranhamente....Não me mata a vida,
a morte não me mata,
não me mata o amor;
morro de um pensamento silente
qual ferida…
Não sentistes jamais a
estranha dor
de um pensamento imenso
que se arraiga na vida
devorando alma e carne,
sem conseguir dar flor?
Nunca levastes dentro a
estrela adormecida
Que vos abrasava todos e
não dava um fulgor?
O cume dos
martírios...! Levar eternamente,
dilacerante e árida, a
trágica semente
como um dente feroz nas
entranhas cravada!...
Mas arrancá-la um dia
na flor que, salvadora
e inviolável, se abrisse... Ah! maior não fora
ter a cabeça de Deus
entre as mãos levantada!
Delmira Agustini
Uruguai, Montevidéu
1885-1914
Trad. José Bento
in Rosa do Mundo – 2001
poemas para o futuro
Editor: Assirio &
Alvim
photo by Google
Sem comentários:
Enviar um comentário