Dorme, beleza irada, dorme e não me temas.
Pois quem se atreve a provocar um leão
adormecido?
Bastar-me-á sentar aqui e ver
Cerrados aqueles lábios que nunca falaram
afavelmente.
Que visão melhor pode contentar a alma de um
amante
Do que a beleza que parece inofensiva, se não
mesmo afável?
As minhas palavras encantaram-na pois segura
dorme;
Ainda que culpada de muita mal ter tratado o
meu amor;
E no seu sono, vede, de olhos fechados chora:
Muitas vezes os sonhos, mais do que as
paixões da vigília, comovem.
Advoga, sono, a minha causa; e como tu
torna-a doce assim,
Para que em paz acorde e se apiede de mim.
Thomas Campion
Reino Unido, 1567-1620
Trad. Cecília Rego Pinheiro
in Rosa do Mundo – 2001 poemas para o futuro
Editor: Assirio & Alvim
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