Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

12 de maio de 2022

Rupi Kaur, tenho medo de não...

 


tenho medo de não encontrar aquele que assim que me vir
correrá para me respirar
tenho medo de parecer demasiado desesperada 
tenho medo de ser trocada
por uma mulher mais brilhante
mais impressionante
mais eu em todos os sentidos
aterrorizada de que isso confirme o que já sei
que não sou boa o suficiente para fazer alguém ficar
onde está o fósforo aceso que me pegará fogo
e se já me cruzei com ele
e estraguei tudo
quem me amará o suficiente
para se dar ao trabalho de se aproximar
de alguém tão inconsciente
e se aquele que quero
é alguém que me toca e foge
e se aquele que não foge
é alguém que não suporto que me toque
será que será sempre má altura
será que vou ter a certeza
será que algum dia vou assentar
será que vou ficar sozinha para sempre


Rupi Kaur
Índia, 1992
in corpo casa
Editor: Lua de Papel
photo by Google 

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