Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

12 de maio de 2022

Rupi Kaur, de cada vez que te...

 


de cada vez que te mostrava um pedaço do céu
era um aviso
cada passeio que dávamos
pelo jardim da minha vida
todas as flores que floriam para ti
os pavões que cantavam o teu nome
eram um sinal
contudo
depois de veres toda a magia
bateste com a cabeça e perdeste-a
saíste e dispersaste-te pela cidade
a pensar que se tinhas a sorte de me ter experimentado
conseguirias pôr as mãos em coisa melhor
mas tudo tinha a cor do tédio em comparação
agora voltaste
corpo derramado pelo chão fora
a implorar
que eu te esmague com as minhas coxas
que te puxe para as minhas ancas
que te leve ao céu com a minha cona
comigo tiveste a maior viagem da tua vida
comigo tiveste visões
de cada vez que te mostrava um pedaço do céu
cada passeio que demos no jardim da minha vida
todas as flores que se abriam para ti
os pavões que cantavam o teu nome
eram um sinal de tudo o que perderias
se me traísses

- consequências



Rupi Kaur
Índia, 1992
in corpo casa
Editor: Lua de Papel
photo by Google 


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