Tá vendo aquéla cacimba
Lá na bêra do riácho,
Im riba da ribancêra,
Qui fica, assim, prú dibáxo
De um pé de Tamarinêra?
Pois, um magote de môça,
Quáge toda menhãzinha,
Fóima, assim, aquéla túia,
Na bêra da cacimbinha
Tumando banho de cúia!
Eu não sei, pruquê razão,
As agua déssa nacente,
As agua qui alí se vê,
Tem um gôsto deferente
Das cacimba de bêbê...
As agua da cacimbinha
Tem um gosto mais mió
Nem sargáda, nem insôça...
Tem um gostinho do suó
Dos suváco déssas môça...
Quando eu vejoéssa cacimba,
Qui ispío a minha cara
E a cara torno a ispiá,
Naquélas águas quilára
Pégo logo a desejá...
... Desejo, praquê negá?
Desejo sê um caçote,
Cum dois óio dêsse tamanho!
Prá vê, aquêle magote
De môça tumando banho!!
Zé da Luz
Brasil, 1904-1965
in Antologia da Poesia Erótica Brasileira
Editor: Tinta da China
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