Paraíso onde as vulvas inflamadas
ondulam como dunas semoventes,
e mais parecem vivas e gementes
quanto mais ao prazer subjugadas.
E onde deslizam línguas quais serpentes
cumprindo delirantes emboscadas;
onde as conchas, com o sal das madrugadas,
velam no abismo as ostras inocentes.
Ordens que são do amor guerra perfeita,
e que se cumprem sem qualquer resquício
de prejuízo em campo onde se deita.
Campo que é corpo, fim que está no início,
cimento escuso de uma luz desfeita,
virtude que cintila de ser vício.
Walmir Ayala
Brasil, 1933-1991
in Antologia da Poesia Erótica Brasileira
Editor: Tinta da China
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