Anda gente pelos bondes
Sem poder nem virar,
Porque grita certa moça:
Este homem quer bolinar!
Anda a gente pensativa
Sem poder acomodar-se
Esperando a toda a hora
O instante de bolinar-se.
Uma vez ia num bonde
Dona Nica satisfeita,
Quando diz pra sua mãe:
Bolinam para a direita!
-- Pois então, ó minha filha,
Muda já de direção:
-- Não se pode, pois a esquerda
Me bolina um bilontrão!
Ouvindo isso mãe Gertrudes,
Dá gritos dilacerantes,
Exclamando em voz bem forte:
Senhora dos Navegantes!
Mãe Gertrudes ia num bonde
A falar com seu Armando,
Quando a filha ao lado grita:
-- Mamãe, 'stão me bolinando.
Uma vez, era bem tarde,
Quando eu ia me deitar,
Eis que ouço uma voz dizer:
Olhe, querem bolinar.
Logo corro pressuroso,
Me dirijo ao tal lugar,
E outra vez ouço dizer:
Olhe, querem bolinar.
Espantado, atrapalhado,
Sem poder a causa achar,
Por ter sido um mandachuva
Quem falava em bolinar.
Ora vejam, meus senhores.
Pra que a tal cerveja dá,
Um cachaça já me fez
Andar daqui pra acolá.
Diz-se mesmo com recato,
A qualquer bela menina,
Não haver um desacato
Nunca antes da bolina.
Aos queridos da bolina
Aqui venho eu saudar,
Não viajeis pelos bondes
A não ser pra bolinar.
Anónimo
Brasil
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