Derreto-me, babo-me todo
Se a vejo, não me acomodo
Té fico das pernas bambo!
E, então ela me ousa
Um terno olhar despedir,
Fico eu qual mariposa,
Estou em chama a cair!
Tem tal feitiço a mulata,´
É tão grata a sua cor,
Qu'ão vê-la, fica em cascata
Minha testa, com o suor!...
Se ela diz-me: -- «yôyô,
Gosto munto di vossê;»--
Enlevado às nuvens vou,
Caio na terra de pé!
Se arrasta o chinelinho
da cidade pelas ruas,
Não sossego um instantinho,
Lá ando nas águas suas!
Inda se vejo ela ir
se mexendo, e a gingar;
Fico eu quase a dormir,
Vou pra casa me deitar.
Um dia, como, não sei;
Ela caiu-me nas unhas,
Gritou logo: -- Aqui del-rei,
Tomou suas testemunhas!
Tive por fim de largá-la
Pra não ir para o chilindró;
Mas vivo sempre a chorá-la,
pela mulata tenho dó!
Derreto-me, babo-me todo
Pela mulata cor de jambo;
Se a vejo, não me acomodo
Té fico das pernas bambo!
Anónimo
Brasil
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