Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

12 de fevereiro de 2012

CENA POPULAR: Paul Verlaine


Quinze anos o aprendiz, feio mas encorpado,
Gentil no trato rude, o rosto mais tisudo,
O olhar vivo, extrai do fato de trabalho,
Pimpão e entesado, já o grosso caralho,
E enfia-o na patroa, uma gorda inda boa,
Mesmo à beira da cama, em delíquio, à toa,
Pernas no ar e seios à mostra, um desacato!
Aperta o moço o rabo a coberto do fato,
Prá frente, num afã, frequentes passos dá;
Não tem, vê-se, temor de bem s'implantar lá
No fundo, e d'emprenhar a dama, que consente
(O corno do marido é rico, e é inocente!).
Súbito ei-la que grita em grão deslumbramento:
" Oh! Fizeste-me um filho! oh! mais gosto de ti! "
E finda a coisa, diz: " Pois já temos aqui
Os bombons do baptismo! " - e sábia em malas-artes,
Sopesa-lhe, belisca e beija-lhe os tomates.

Paul Verlaine in Hombres e Algumas Mulheres
(França 1844-1896)
Foto Google

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