Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

29 de fevereiro de 2012

Modo de Amar V : Maria Teresa Horta

Docemente, amor
ainda docemente

o tacto é pouco
e curvo sob os lábios

E se um anel no corpo é saliente
digamos ser de pedra
onde se abre

Opala enorme e morna
tão fremente

dália suposta
no calor da carne

lábios cedidos
de pétalas dormentes

Louca ametista
com odores de tarde

Avidamente amor
com desespero e calma

as mãos subindo pela cintura dada
aos dedos puros uma aridez de praia
que a curvam loucos até ao chão da sala

Ferozmente, amor
com torpidez e raiva

as ancas descendo como cabras
tão estreitas e duras desarmando
a tepidez das minhas que se abrem

E logo os ombros
descaem
e os cabelos

desfalecem as coxas que retomam
das tuas o pecado e o esquecê-lo
em cada movimento em que se domam

Suavemente, amor
agora velozmente

os rins suspensos
os pulsos
e as espáduas

o ventre erecto
enquanto vai crescendo
planta viva entre as minhas nádegas


Maria Teresa Horta in As Palavras do Corpo
(Portugal)

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