o corpo
e do meu corpo
digo do corpo
o sítio e os lugares
de feltro os seios
de lâminas os dentes
de seda as coxas
o dorso em seus vagares
Lazeres do corpo
os ombros
as lisuras o colo alto
a boca retomada
no fim das pernas
a porta da ternura
dentro dos lábios
o fim da madrugada
digo do corpo
o corpo
e do teu corpo
as ancas breves
ao gosto dos abraços
os olhos fundos
e as mãos ardentes
com que me prendes
em súbitos cansaços
Vício de um corpo
o teu
com seu veneno
que bebo e sugo
até ao mais amargo
ao mais cruel grau
do esgotamento
onde em silêncio
nado em cada espasmo
Digo do corpo
o corpo
o nosso corpo
digo do corpo
o gozo
do que faço
Digo do corpo
o uso
dos meus dias
a alegria do corpo
sem disfarce
Maria Teresa Horta in As Palavras do Corpo
(Portugal)
1 comentário:
Para os que dizem das dificuldades do desejo: Maria Teresa Horta "Digo do corpo"...
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