Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

23 de fevereiro de 2012

O Corpo: Maria Teresa Horta

Digo do corpo
o corpo
e do meu corpo

digo do corpo
o sítio e os lugares

de feltro os seios
de lâminas os dentes
de seda as coxas
o dorso em seus vagares

Lazeres do corpo
os ombros
as lisuras      o colo alto
a boca retomada

no fim das pernas
a porta da ternura
dentro dos lábios
o fim da madrugada

digo do corpo
o corpo
e do teu corpo

as ancas breves
ao gosto dos abraços

os olhos fundos
e as mãos ardentes
com que me prendes
em súbitos cansaços

Vício de um corpo
o teu
com seu veneno

que bebo e sugo
até ao mais amargo

ao mais cruel grau
do esgotamento
onde em silêncio
nado em cada espasmo

Digo do corpo
o corpo
o nosso corpo

digo do corpo
o gozo
do que faço

Digo do corpo
o uso
dos meus dias

a alegria do corpo
sem disfarce

Maria Teresa Horta in As Palavras do Corpo
(Portugal)

1 comentário:

omitodesisifo disse...

Para os que dizem das dificuldades do desejo: Maria Teresa Horta "Digo do corpo"...