Põe-te em mim tal qual mulher

É assim que te apetece?
Enquanto o meu pau se insere
Como faca em manteiga,
Posso beijar-te na boca,
Fazer linguado à louca,
Língua porca e também meiga!
Teus olhos vejo, onde enfronho
Os meus, até ao fundo d'alma,
E o desejo leva a palma
Numa luxúria de sonho.
O dorso móvel modelo,
O flanco ardente e a nuca,
A grácil dupla peruca
Das axilas , e o cabelo.
Teu cu no meu a cavalo
Violenta-o com seu peso,
Enquanto o meu contrapeso
Se exibe para teu regalo,
E regalas-te, riqueza!,
Pois a tua bela porra
Ciosa pela desforra
Incha, cresce, fica tesa.
Céus! A pérola, ist´é a gota,
Já se anuncia e cintila
No meato: engoli-la
Devo eu, portanto brota
O meu fluxo. Então acorro
A trazer até à boca
Tua glande febril, louca
Por se vir em rio, em jorro.
Leite, deleite e alimento,
Cheiro a flor d'amendoeira
Esmola para a sede inteira
Sede de ti, meu tormento.
Rico se vai, generoso,
O dom dessa adolescência:
Partilha da tua essência
Meu ser ébrio, de ditoso.
Paul Verlaine in Hombres e Algumas Mulheres
(França 1844-1896)
Foto Google
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