Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

24 de fevereiro de 2012

Os dedos: Maria Teresa Horta

Serenamente os dedos
sob os dedos

um fogo brando
nos seios da madrugada

se bebo o medo
do medo dos teus dedos
apago os lábios
nos lábios dessa água

Côncavo breve da palma
e logo os dedos
da tua mão fechada na cintura
depois descendo
crescendo e já fendendo
tocando enfim no topo da loucura

Punho da espada
ou pulso do teu braço

os dedos baixo
descobrindo o nada

enquanto eu monto renasço
e vou gemendo

subindo em mim
até de madrugada

Maria Teresa Horta in As Palavras do Corpo
(Portugal)

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