Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

10 de fevereiro de 2012

Mesmo quando não te entesas todo: Paul Verlaine

Mesmo quando não te entesas todo
mesmo assim a tua picha me deleita,
Que branco d'oiro e pendente enfeita
Os teus tomates, sombrio engodo.

Colhões do meu amante, altivos
Gémeos, em pele de chagrém tão fina,
D'um malte meio rosa e purpurina,
Colhões farsantes e combativos,

Dos quais o esquerdo baila um pouco,
Um poucochinho mais que o irmão,
Ar bonifrate e espertalhão,
Com que fim porra!, o grande louco?!

Tua pilinha é anafada
E de veludo, do púbis vem
Té ao prepúcio que o pico atém,
Até  quase à crista rosada.

Incha um tudo-nada na ponta
E sob a pele vai desenhar
A glande grossa qual polegar
Mostrando os lábios mesmo na ponta.

Após ter sido por mim beijada
Com agradecida paixão,
Deixa acaricia-la esta mão,
E agarra-la depois ousada,

Pra'a descalotar de repente,
De modo que, em tons violeta,
A jovial glande, não mais quieta,
Irrompe aí esplendidamente!

Logo acelera o movimento
E, sempre levada da breca,
Aquela cabeça careca
Vá de s'empinar, num momento!

Estás com tesão! - é o que queriam
M'nha boca meu {cu
                           {cono - qual preferes?
Ou simples pívia é o que tu queres?
É o que os meus dez dedos queriam!

Mas já o caralho, esse meu ídolo,
Estende para o rito e para o cu -
Tu, prás minhas mãos, boca e cu -
A sua forma adorável de ídolo.

Paul Verlaine in Hombres e Algumas Mulheres
(França 1844-1896)
Foto Google

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