a minha infância, terra que eu pisei:
aqueles versos de água onde os direi,
cansado como vou do teu cansaço?
Virá Abril de novo, até a tua
memória se fartar das mesmas flores
uma última órbita em que fores
carregada de cinzas como alma.
Porque bebes as dores que me são dadas,
desfeito e já no vosso próprio frio
meu coração, visões abandonadas.
Deixem chover as lágrimas que eu crio:
menos que chuva e lama nas estradas
és tu, poesia, meu amargo rio.
Carlos Oliveira
(Portugal 1921-1981)
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