Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

2 de março de 2012

Modo de Amar XIII : Maria Teresa Horta

São as pedras
os seios
são as pernas

pele e brandura
no interior
dos lábios

Rosa de leite a subir devagar
na doce pedra
do muco dos meus lábios

São as pedras
os seios
são as pernas

Pêssegos nus
no corpo
descascados

Saliva acesa
que a língua
vai cedendo

o gozo em cima
na pedra
dos meus lábios

Jogo no corpo a roçar o tempo
de ser passado
na minha memória

a mão dolente
como quem masturba
entre os joelhos uma longa história

Vida sangrada de onde se vislumbra
(joelhos desviados sobre a almofada)
ali sedento fim de onde desfruta

o fruto      a fenda
o fundo onde se afunda
o lado do corpo já fechado


Maria Teresa Horta in As Palavras do Corpo
(Portugal)

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