Tua boca rubra e fresca
beijo, e a sede não se apaga:
que em cada beijo quisera
beber toda a tua alma.
Enamorei-me de ti;
e é doença tão má
que dizem os que se amam
que nem com a morte acaba.
Ponho-me louco se escuto
o rumor da tua saia;
e o roçar da tua mão
dá-me vida e depois mata-me.
Eu quisera ser o ar,
que toda inteira te abraça;
eu quisera ser o sangue
que corre em tuas entranhas.
São as linhas do teu corpo
modelo das minhas ânsias
o caminho dos meus beijos
e o íman do meu olhar.
Sinto ao cingir tua cinta,
uma dúvida que mata:
quisera ter, num abraço,
todo o teu corpo e tua alma.
Estou doente de ti;
da cura não tenho esperança:
na sede deste amor louco
és minha sede e minha água.
Maldito seja o momento
em que entrei em tua casa,
em que vi teus olhos negros,
beijei-te a boca escarlate.
Maldita seja esta sede,
maldita seja esta água!...
maldito seja o veneno
que envenena e que não mata.
Manuel machado Ruiz in Antologia da Poesia Espanhola Contemporânea
(Espanha 1874-1947)
Carta de apresentação
O SECRETO MILAGRE DA POESIA
Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.
Excerto
in Rosa do Mundo
6 de março de 2012
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