Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

9 de março de 2012

Fêmea : Salah 'Abd al-Sabur






o meu amado apagou o candeeiro
e apagou a sua amargura no meu corpo
e despertou a sua tristeza,
derramou seus olhos no meu sonho
e me despertou.
estendeu a sua asa destroçada à minha volta
e abraçou-me.
murmurou sua voz melodiosa ao meu ouvido,
embalando-me
sobre a ramaria das suas lágrimas misturadas,
e quando conseguiu de mim o que desejava
soltou-me
e, a meu lado, adormeceu, enquanto a tarde seu manto recolhia
para que, de manhã, nascesse outra amargura
e nascesse
um desejo na noite que impelisse o peito do meu amado
a apagá-lo sobre o meu corpo.



SALAH  ‘ABD AL-SABUR
Egipto 1931-1981
in “Rosa do Mundo”
Ed. Assirio & Alvim
photo by Google



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