Como
te amo? Não sei de quantos modos vários
Eu
te adoro, mulher de olhos azuis e castos;
Amo-te
co′o fervor dos meus sentidos gastos;
É
puro o meu amor, como os puros sacrários;
É
nobre o meu amor, como os mais nobres fastos;
É
grande como os mares altíssonos e vastos;
É
suave como o odor de lírios solitários.
Amor
que rompe enfim os laços crus do Ser;
Um
tão singelo amor, que aumenta na ventura;
Um
amor tão leal que aumenta no sofrer;
Amor
de tal feição que se na vida escura
É
tão grande e nas mais vis ânsias do viver,
Muito
maior será na paz da sepultura!
Fernando Pessoa
(Portugal 1888-1935)
"in Poesia 1902-1917"
Sem comentários:
Enviar um comentário