Não
precisas ser amante,
e
nem sempre sabes sê-lo.
Eu
te amo porque te amo.
e
com amor não se paga.
Amor
é dado de graça,
é
semeado no vento,
na
cachoeira, no elipse.
Amor
foge a dicionários
e
a regulamentos vários.
Eu
te amo porque não amo
bastante
ou demais a mim.
Porque
amor não se troca,
não
se conjuga nem se ama.
Porque
amor é amor a nada,
feliz
e forte em si mesmo.
Amor
é primo da morte,
e
da morte vencedor,
por
mais que o matem (e matam)
a
cada instante de amor.
Carlos Drummond de Andrade
(Brasil 1902-1987)
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