Para Reginabben
pálpebras
de alfazema
cintilantes
luas sem enigma
sob
o céu anúbis-tânger-cicatriz
na
seda cor de nuvem que simula o desejo
serpenteiam
formas de dançarina moura
de
seios tamarindo e lábios sabor anis
o
seu púbis shiva kali irrompe como rosa
cítara
que emudece o pensar do amante
e
lhe toca o coração
no
mais cálido êxtase de santos dervixes
mulher
sem álgebra, sem mitologia, sem cabala
ou
neurocibernética quântica
a
mais-que-perfeita expressão do verbo
que
resume à sua maneira shopenhauer
os
manuscritos de Alexandria
os
fabulosos cálculos dos astrónomos
e
os acordes finais de um pianista de blues
dama
feita para mim e o meu desejo de outro
que
em tuas mãos é um leão domesticado
e
no entanto és apenas uma mulher
deitada
do lado esquerdo da cama.
Claudio
Daniel
(Brasil
1962)
In
“Os dias do amor”
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