Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

29 de março de 2013

Auto de fé: Manuela Amaral


 Não me arrependo dos amores que tive
dos corpos de mulher por quem passei
      a todos fui fiel
      a todos eu amei

Não me arrependo dos dias e das noites
em que o meu corpo herói ganhou batalhas
A um palmo do umbigo eu fui primeira
      a divina
      a deusa

a verdadeira mulher – sem rival.

Amei tantas mulheres de que nem sei o nome
eu só me lembro apenas
      de abraços
      de pernas
      de beijos
      e orgasmos

E no amor que dei
e no Amor que tive
eu fui toda mulher – fui vertical

Eu fui mulher em espanto
fui mulher em espasmo
fui o canto proibido e solitário

      Só tenho um itinerário: Amor-Mulher.


Manuela Amaral
(Portugal 1934-1995)

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