Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

17 de março de 2014

Juan Rodríguez del Padrón: Canção


Vive leda, se o poderás,
e não sofras aguardando:
pois, conforme vou penando,
eu não espero jamais
ver-te nem que me verás.
Oh dolorosa partida!
Triste amador, eu que peço
permissão e me despeço
de tua vida e da vida!
O tormento perderás,
se em mim cuidar te amargura,
que pela minha tristura
eu não espero jamais
ver-te nem que me verás.
Já que tu foste a primeira
de quem eu me cativei,
aqui mesmo jurarei
que sereis a derradeira.




Juan Rodríguez del Padrón
Espanha 1390-1450
in “Antologia da Poesia Espanhola
das Origens ao Século XX”
Selecção: José Bento
Editor: Assirio & Alvim

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