Muito
lentamente, a custo, fecha as pálpebras
azuladas
e geme baixo; um gemido contínuo,
de
dentes cerrados, os punhos a crisparem-se
de
cada lado do lençol e o rosto de uma palidez
de
morte. Mantém os braços abertos, a respiração
presa,
por vezes abandonada.
Abandonada,
por vezes como que oferecida.
Tenta
ainda fugir-lhe, arranca-lhe as coxas
entreabertas
à pressão da sua língua, ao tacto do seu
hálito,
porém, mal ele parece libertá-la ela submete-se,
ansiosa,
apenas com uma ponte de rebeldia no
movimento
do corpo. E o gemido torna-se mais
sincopado,
contornado, entrecortado.
Maria
Teresa Horta
Portugal
1937
in
“Ambas as mãos sobre o corpo”
D. Quixote Editores
photo by Google
Sem comentários:
Enviar um comentário