É tempo deste coração permanecer
insensível
porque já não pode comover o dos
outros:
mas, se por ninguém eu posso ser
amado,
ainda quero amar!
Os meus dias estão nas folhas já
caídas;
as flores e os frutos do amor
abandonaram-me;
a ninguém o verme, o cancro e o
desgosto
poderão pertencer!
Como uma ilha vulcânica, sozinho
o fogo vem consumir-se no meu peito;
não há nenhum lume que aí se reacenda
─ uma chama funerária!
A esperança, o temor e o ciúme,
tudo o que é excessivo no sofrimento,
e o poder do amor, não posso
compartilhar,
só lhes sofro as cadeias.
Mas é assim ─ não é neste lugar ─
que deviam estes pensamentos
abalar-me, nem agora
quando a enfrenta o túmulo do herói
ou lhe coroa a fronte.
A espada a insígnia e o campo de
batalha,
a glória e a Grécia, contemplo à minha
volta!
O guerreiro espartano, levado sobre o
escudo,
não era mais livre.
Desperta (que a Grécia, ela está
acordada!)
Desperta meu espírito! Pensa naquele
que faz correr o teu sangue vital para
o lago materno
onde fica o destino.
Subjuga os desejos que despertam
ainda,
virilidade indigna! ─ para ti
deveriam ser indiferentes o sorriso ou
o duro
olhar da Beleza.
Para que vives, se lamentas a tua
juventude?
Aqui fica o lugar de uma morte
honrosa.
Caminha para a luta, e deixa que se
apague
o teu último alento!
Procura ─ sem o procurar, tê-lo-ias
encontrado ─
o túmulo de um soldado, aquilo que
mereces;
olha por fim à volta e prefere esta
terra,
aceita o teu descanso.
Este poema data de 22 de janeiro de
1824, foi escrito
na Grécia, em Missolonghi, onde Byron
viria a falecer
três meses depois.
Lord Byron
Reino Unido (Londres) 1788- Grécia1824
in
“ Poesia Romântica Inglesa
Byron,
Shelley, Keats)
Editor: Relógio D’agua
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