Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

18 de março de 2014

Lope de Vega: Não sabe o que é amor quem não ama



Não sabe o que é amor quem não ama,
celeste formosura, esposo belo;
tua cabeça é de ouro e teu cabelo
como o frágil botão que a palma enrama;
tua boca lírio que licor derrama
na alva; ebúrneo o colo, que é só vê-lo;
tua mão o torno, em sua palma o selo
que a alma pra disfarçar jacintos chama.
     Ai, Deus! em que pensei quando deixando
tanta beleza e só as mortais vendo,
perdi o que pod’ria estar gozando?
     Se o tempo que perdi me está ferindo,
tanta urgência terei, que uma hora amando
os anos vença que passei fingindo.
                                              RIMAS SACRAS





  
Lope de Vega
Espanha (Madrid) 1562-1635
in” Antologia da Poesia Espanhola
Siglo de Oro - 2ºvolume Barroco
Selecção: José Bento
Editor: Assirio & Alvim

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