Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

9 de março de 2014

Sophia de Mello Breyner Andresen: Mulheres à beira-mar





Confundindo os seus cabelos com os cabelos do vento, têm
o corpo feliz de ser tão seu e tão denso em plena liberdade.

Lançam os braços pela praia fora e a brancura dos seus pulsos
penetra nas espumas.

Passam aves de asas agudas e a curva dos seus olhos prolonga
o interminável rastro no céu branco.

Com a boca colada ao horizonte aspiram longamente a
virgindade de um mundo que nasceu.

O extremo dos seus dedos toca o sino de delícia e vertigem
onde o ar acaba e começa.

E aos seus ombros cola-se uma alga, feliz de ser tão verde.

Sophia de Mello Breyner Andresen
Portugal 1919-2004
in Coral
Editor: Assírio & Alvim

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