Confundindo os seus cabelos com os cabelos do
vento, têm
o corpo feliz de ser tão seu e tão denso em
plena liberdade.
Lançam os braços pela praia fora e a brancura
dos seus pulsos
penetra nas espumas.
Passam aves de asas agudas e a curva dos seus
olhos prolonga
o interminável rastro no céu branco.
Com a boca colada ao horizonte aspiram
longamente a
virgindade de um mundo que nasceu.
O extremo dos seus dedos toca o sino de
delícia e vertigem
onde o ar acaba e começa.
E aos seus ombros cola-se uma alga, feliz de
ser tão verde.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Portugal 1919-2004
in Coral
Editor: Assírio & Alvim
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