É muito bela esta mulher
desconhecida
que me olha longamente
e repetidas vezes se
interessa
pelo meu nome
eu não sei
mas nos cursos instantes
de uma manhã
ela percorreu ásperas
florestas
estações mais longas que
as nossas
a imposição temível do
que
desaparece
e se pergunta tantas
vezes o meu nome
é porque no corpo que
pensa
aquela luta arcaica,
desmedida se cravou:
um esquecimento
magnífico
repara a ferida
irreparável
do doce amor
José Tolentino Mendonça
Portugal (Machico,
Madeira) 1965
in A noite abre meus
olhos “Poesia reunida”
Editor: Assírio &
Alvim
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