A tua boca declara guerra,
De língua desembainhada,
sentencia a morte de todos os beijos,
Irreversíveis os que perdemos,
eternos os que prometemos,
mortos os que lastimamos.
A paixão persegue-me sem
quartel,
E nada mais me resta que viver
estropiado,
Quando nada mais se move no
tempo que empresto, no amor
(que hipoteco,
Perdido o sustento ou o ofício
de amar.
Que faço amanhã,
Se a renda que há meses não
pago deixa o coração livre para
(novos inquilinos,
Desconhecidos, outros que não
nós?
Estou despido, fugindo do
relento, procurando lugares escondidos
(dentro de nós.
Lambo as
marcas da carne ferida. Não aprendi a evitar a tua pele de
(arame
farpado.
Mas outra coisa não sei,
cativo me declaro e rendo,
Revelo-te os segredos, o sexo
na minha roupa.
Beija-me
ou mata-me. Sem remédio, sem desculpas, esta noite extingo-me na tua cama.
Daniel
Costa-Lourenço
Portugal
» Lisboa 1976
in
Viajantes
Editor:
Livros de Ontem
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