Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

25 de junho de 2015

Jerónimo Baía: Se para o canto amor me infunde quanto


Se para o canto amor me infunde quanto
No coração incêndio, luz na rima,
Se como lima o peito, o verso lima,
Se dá qual morte à vida, vida ao canto.


Pintarei tão alegre, doce tanto
A pena, que me mata, e que me anima,
Que quem do meu tormento se lastima
Me deseje o pesar, me inveje o pranto.


Vossa efígie, gentil Márcia adorada,
Qual foi da vista ao peito transferida,
Será do peito ao verso trasladada:


E como vista em vós, em mim ouvida
Terá dobrado ser, vida dobrada,
Se a quem morte me dá, dar posso eu vida.


Jerónimo Baía
(Portugal 1620-1688)
in Os dias do Amor
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