Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

7 de junho de 2015

David Mourão-Ferreira: Outono


Mas quem diria ser Outono
se tu e eu estávamos lá?
(Tínhamos sono…Tanto sono!
É bom dormir ao deus-dará…)

E sobre o banco do jardim,
ante a cidade, o cais e o Tejo,
seria bom dormir assim,
ao deus-dará, como eu desejo…

Mas o teu seio é que não quis:
tremeu de mais sob o meu rosto…

Seria Outono aquele dia,
nesse jardim, doce e tranquilo…?

                         Mas havia
todo o teu corpo a desmenti-lo.


David Mourão-Ferreira
Portugal (Lisboa) 1927-1996
in Obra Poética
Editor: Editorial Presença
photo by Google

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