Das
tuas ancas aos teus pés
quero
fazer uma longa viagem.
Sou
mais pequeno que um insecto.
Percorro
estas colinas,
são
da cor da aveia,
têm
trilhos estreitos
que
só eu conheço,
centimetros
queimados,
pálidas
perspectivas.
Há aqui um monte.
Nunca dele sairei.
Oh que musgo gigante!
E uma cratera, uma rosa
de fogo humedecido!
Pelas tuas pernas desço
tecendo uma espiral
ou adormecendo na viagem
e alcanço os teus joelhos
duma dureza redonda
como os ásperos cumes
dum claro continente.
Para teus pés resvalo
para as oito aberturas
dos teus dedos agudos,
lentos, peninsulares,
e deles para o vazio
do lençol branco
caio, procurando cego
e faminto teu contorno
de vaso escaldante!
Pablo Neruda
Chile 1904-1973
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