Quando finalmente
adormecer,
Será na tarde que chegará
solta, indolente, de pés descalços
(sobre a relva,
De lábios doces por
experimentar,
Sem vestígios de nós os
dois e todo o mundo, sedutor,
Num abraço de juramento, de
corpos estendidos e mãos
(tateando o espaço perfumado
de fruta fresca.
É domingo, és tu o jardim
secreto desenhado a sonhos,
Que não chegam mas torturam
o lusco-fusco dos meus
(olhos,
Semi-cerrados, inquietos,
ansiosos.
És mais música, menos
poema, voz de toda a insolência.
Uma consolação aguardada,
evidente e íntima,
Um desejo indomável que não
deixa vestígio visível nem
(sopro morno sobre a pele.
Acorda-me.
Estes não são dias como os
outros e quando ceder ao
(pôr-do-sol,
Tudo desaparecerá sobre o
silêncio de uma floresta
(aguardando o fogo.
Mas tu não. Tu ficas.
Tu ficas
e guardas o sol para quando eu não quiser
mais
chuva.
Daniel Costa-Lourenço
Portugal » Lisboa 1976
in Viajantes
Editor: Livros de Ontem
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