Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

4 de novembro de 2011

Se tu viesses ver-me : Florbela Espanca

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,               
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços…

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca…O eco dos teus passos…
O teu riso de fonte…Os teus abraços…
Os teus beijos…A tua mão na minha…

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca
Quando os olhos se me cerram de desejo…
E os meus braços se estendem para ti…

Florbela Espanca
(Portugal 1894-1930)
photo by Google
                                A tua boca…
                                 o eco dos teus passos…

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