favor é que não agradeço
porque algum dano encobre
pores-me o mel pelos beiços:
Se para a cera do Favo
quereis pavio, eu prometo
dar-vos um tão bom pavio
que vos dure sempre aceso:
E é de sorte, vida minha,
que julga quem pode vê-lo,
de círio pela grandeza,
de brandão pelo bem feito:
Não cuideis que isto vale pouco
porque disse Sucarello
há parte donde ás vezes
vale mais a mecha que o sebo:
Se para vosso cortiço
quereis enxame, eu o tenho,
com tão boa abelha-mestra
que não sofre zangãos dentro:
E se acrestar essa colmeia
quereis vir, não tenhais medo
deste furão que é mais doce
que o próprio mel desse termo:
Porém, amiga, ide embora
que tal favor receio
que quem favo hoje me manda
que à fava me mande cedo.
Frei António das Chagas
(Portugal 1631-1682)photo by Google
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