Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

4 de novembro de 2011

Joaquim Pessoa: Revelam-se puros os meus dedos sobre...

Revelam-se puros os meus dedos sobre
a tua pele, onde me deito e o desejo rasga
a minha voz em asas de silêncio.
Acendem-se como lâmpadas para te encontrar
e, como aves libertas, acordam a noite,
poisam devagar nas tuas pernas,
debicam os teus seios
e descem lentamente as tuas costas até ao fundo e surpreendem-se,
enlouquecem nas tuas nádegas macias e brancas,
quentes, como os alegres pães da minha infância.

E o teu corpo estremece, desperta para uma interminável madrugada,
onde não há palavras,
onde não são precisas palavras,
e uma intensa alegria tem o sabor dos teus beijos
quando os nossos lábios acendem uma fogueira de rosas
que ilumina a solidão pela noite fora.

E tudo me perturba. De tudo me esqueço
quando nos tocamos, assim, até ao fundo.

Quando me ofereces no teu corpo a paisagem livre e apetecida
de um campo perfumado,
um sereno lago,
o bosque vivo e húmido que me desafia e atrai,
onde me encosto e perco.

Oh, ama-me. Sem horas. Sem palavras.
Deixa-me esperar contigo a madrugada.
Sim, deixa que os meus dedos como
potros em fuga percorram mil vezes as dunas do teu corpo
e se escondam depois para dormir nos teus cabelos.

Deixa-me penetrar em ti como se fosse a ultima vez
e que nada existe depois.
Deixa que todo o amor percorra as nossas veias
até que nos doa o sangue,
até que os beijos nos desfaçam a boca
e os nossos corpos atinjam o orgasmo das estrelas e das rosas,
até que nada nos separe
a caminho de nós.

Joaquim Pessoa
(Portugal)
photo by Google

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