E
alguns novos prazeres provaremos
De
areias douradas e regatos de cristal
Com
linhas de seda e anzóis de prata.
Aí
o rio correrá murmurando, aquecido
Mais
por teus olhos do que pelo sol;
E
aí os peixes enamorados ficarão
Suplicando
a si próprios poder trair.
Quando
tu nadares nesse banho de vida
Cada
peixe, dos que todos os canais possuem,
Nadará
amorosamente para ti,
Mais
feliz por te apanhar, que tu a ele.
Se,
sendo vista assim, fores censurada
Pelo
Sol, ou Lua, a ambos eclipsarás;
E
se me for dada licença para olhar
Dispensarei
as suas luzes, tendo-te a ti.
Deixa
que outros gelem com canas de pesca
E
cortem as suas pernas em conchas e algas;
Ou
traiçoeiramente cerquem os pobres peixes
Com
engodos sufocantes, ou redes de calado.
Deixa
que rudes e ousadas mãos, do ninho limoso
Arranquem
os cardumes acamados em baixios;
Ou
que traidores curiosos, com moscas de seda
Enfeiticem
os olhos perdidos dos pobres peixes,
Porque
tu não precisas de tais enganos,
Pois
que tu própria és a tua própria isca,
E
o peixe que não seja por ti apanhado,
Ah!,
é muito mais sensato do que eu.
John Donne
(England
1572-1631)
in "Poemas Eróticos" Trad. Helena
Barbas
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