Silêncio. Deixa-me
pensar.
Há um sonho em mim
que me prendeu,
Um que começa a
começar
Aquém da terra e além
do céu.
Deixa-me ser nem teu
nem meu.
Deixa-me só não
sossegar.
A maravilha da
distância
É feita de mar largo
e azul.
Há sobre o perto a
irreal fragrância
De um campo aberto
sobre o sul.
Meu coração actual é
êxul,
Meu ser cativo é
livre de ânsia.
Não sei quem foi que
ali me disse
Palavras que não sei
contar.
Foram de anónima
ledice.
Silêncio. Deixa-me
pensar.
Não tenho amor para
te dar.
Minha alma jovem tem
velhice.
Fernando Pessoa
(Portugal 1888-1935)
photo by Google
“in Poesia 1918-1930”
Sem comentários:
Enviar um comentário