Algum
homem indigno de ser possuidor
De
amor velho ou novo, sendo ele próprio falso ou fraco,
Pensou
que a sua dor e vergonha seriam menores
Se
a sua ira sobre as mulheres descarregasse.
E
então uma lei nasceu:
Que
cada uma um só homem conhecesse.
Mas
são assim as outras criaturas?
São
o sol, a lua, as estrelas proibidos por lei
De
sorrir para onde lhes apetece, ou de esbanjar a sua luz?
Divorciam-se
os pássaros, ou são censurados
Se
abandonam o seu par, ou dormem fora uma noite?
Os
animais não perdem as suas pensões
Ainda
que escolham novos amantes,
Mas
nós fizémo-nos piores do que eles.
Quem
já armou belos navios para ancorar nos portos,
Em
vez de buscar novas terras, ou negociar com todos?
Ou
construiu belas casas, plantou árvores e arbustos,
Apenas
para as trancar, ou então deixá-los cair?
O
Bom não é bom, a não ser
Que
mil coisas possua,
Mas
arruína-se com a avidez.
John
Donne
(England
1572-1631)
in "Poemas Eróticos" Trad. Helena
Barbas
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