Teu seio nulo, porque
não existes,
Vénus Urania; nem
teus braços são
Dos que as carícias
cobiçadas dão
E os olhos que te
buscam ficam tristes.
Não duram sóis os
dias em que insistes
Com a tua ausência
ideal do coração,
Mas amar-te é um dano
e um perdão
E às nossas almas
renovada assistes.
Cinge-me em sonhos
teu destino raso
Como a malignidade de
ter vida,
Sem consequência
digna de ter prazo.
Fernando Pessoa
(Portugal 1888-1935)
“in Poesia 1918-1930”
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