Podia ser uma aula súbita, um verbo
alicerçado
na mais sensível escola.
Filho amado
de arquétipos, cosido junto à língua
quando ela era apenas músculo, saliva
ensanguentada,
coágolo de esperma.
Podia ser uma aula permanente
e derramada pelos corpos, na nervosa leitura
de textos
epidérmicos,
no saber levedado entre suores e poros,
na coluna sonora que corre agora da cabeça
até às partes julgadas mais secretas,
nas palavras partidas,
escorrendo da garganta aos pés, matemáticas,
puras,
e intensamente frias.
Mas quem conjuga esse verbo,
debruçado nas terríveis frágeis varandas
do desejo?
Dizei alto, ó amantes tolhidos no medo
e na exaltação dos favores
do corpo,
a carne é mole e densa, vermelha nos seus
espúrios
pigmentos de abandono.
Ah, a rosácea da dor, o peso em que recolhe
a cabeça póstuma,
descida, sugada, à nascente
Da alma.
Armando Silva Carvalho
(Portugal 1938)
in de Amore
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