Elas
são as mães:
rompem
do inferno, furam a treva,
arrastando
Animais
sonâmbulos,
dormem
nos rios, na raiz do pão.
Na
vulva sombria
é
onde fazem o lume:
ali
têm casa.
Em
segredo, escondem
o
latir lancinante dos seus cães.
Nos
olhos, o relâmpago
negro
do frio.
Longamente
bebem
o
silencio
nas
próprias mãos.
O
olhar
desafia
as aves:
o
seu voo é mais fundo.
Sobre
si se debruçam
a
escutar
os
passos do crepúsculo.
Despem-se
ao espelho
para
entrarem
nas
águas da sombra.
É
quando dançam que todos os caminhos
levam
ao mar.
São
elas que fabricam o mel,
o
aroma do luar,
o
branco da rosa.
Quando
o galo canta
Desprendem-se
para
serem orvalho.
Eugénio
de Andrade
(Portugal 1923-2005)
In Poesia
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