Tem cuidado ao amar-me.
Pelo
menos, lembra-te que to proibi.
Não
que restaure o meu pródigo desperdício
De
alento e sangue, com teus suspiros e lágrimas,
Tornando-me
para ti o que foste para mim,
Mas
tão grande prazer desgasta a nossa vida duma vez.
Para
evitar que teu amor por minha morte seja frustrado,
Se
me amas, tem cuidado ao amar-me.
Tem cuidado ao odiar-me,
E
com os excessos do triunfo na vitória,
Ou
tornar-me-ei o meu próprio executor,
E
do ódio com igual ódio me vingarei.
Mas
tu perderás a pose do conquistador,
Se
eu, a tua conquista, perecer pelo teu ódio:
Então,
para evitar que, reduzido a nada, eu te diminua,
Se
tu me odeias, tem cuidado ao odiar-me.
Contudo, ama-me e odeia-me também.
Assim
os extremos não farão o trabalho um do outro:
Ama-me,
para que possa morrer do modo mais doce;
Odeia-me,
pois teu amor é excessivo para mim;
Ou
deixa que ambos, eles e não eu, se corrompam
Para
que, vivo, eu seja teu palco e não teu triunfo.
Então,
para que o teu amor, ódio, e a mim, não destruas,
Oh,
deixa-me viver, mas ama-me e odeia-me também.
John
Donne
(England
1572-1631)
in "Poemas Eróticos" Trad. Helena
Barbas
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